6 July 2008

O tamanho da copa de Mariah Carey

Ípsilon, sexta-feira, 4 de Julho 2008 (jornal Público)

Crítica de João Bonifácio ao novo álbum de Mariah Carey

“Um trabalhador indiferenciado é alguém que – como quase todos nós e os cronistas políticos em particular - não possuem nenhuma qualidade notável, servindo para executar tarefas que não requerem especialização. As divas do r&b não andam longe dessa classe: apesar de cantarem, não sabem cantar, liricamente cantam o mesmo, aprumam-se nas roupas mas de forma similar e podem dançar mas nada distingue os movimentos de uma dos de outra. Não produzem os objectos musicais a que dão o nome, são apenas uma peça na sua construção, o rosto (ou a anca ou) da cantiga, e uma vez que partilham os escritores de canções é possível encontrar os mesmos beats, a mesma faixa electro, as duas ou três baladas insuportáveis. Portanto: tudo igual, muda a copa do “soutien”, o filtro dos vídeos, mas é tudo igual. No novo álbum de Mariah Carey, há duas coisas boas: o electro de “I’m that chic” e o óptimo disco-sound de “Í’ll be loving you long time”. Ainda se aceita a entrada rapalhada de Young Jeezy em “Side effects”. O resto pode descrever-se recorrendo aos atributos acima nomeados para discos do género – o que significa que se este fosse o primeiro álbum que escutássemos feito desta massa seria objecto a recomendar, assim é apenas tão chato como qualquer outra coisa, o que, sucintamente, quer dizer que é indiferenciado.”

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